sábado, 13 de março de 2010

Um dia acordei azul - Luana e Beatriz

Um dia acordei azul
Hoje de manhã acordei azul.
- Mãe, leva-me ao médico – pedi eu.
- Porquê? – perguntou ela. A mãe ontem levou-te ao médico. Ele disse-me que estava tudo óptimo. Desce as escadas!
- Mãe, podes vir cá acima? – implorei novamente.
- Mas, filha, vem tomar o pequeno-almoço, ordenou a minha mãe, já a começar a zangar-se.
- Está bem,... mas aviso-te: não vais gostar da minha cara, disse eu resignada. E desci as escadas.
- Oh! Que horror! Tu não és a minha filha! - gritou a minha mãe aflita. O que fizeste à minha filha?
- Mãe, eu a avisei-te que não irias gostar da minha cara. Agora já acreditas que me dói a cabeça e estou doente?
- Filha, diz a verdade, isto é uma brincadeira, não?
- Não! Acordei mesmo agora e sinto-me mal.
- Vamos, vai-te vestir, ordenou a minha mãe, já convencida. Vamos ao médico e depois à tua escola. Quero falar com a tua professora.
E lá fomos nós. Já no consultório comecei a ficar nervosa e perguntei à minha mãe:
- Mãe, será que eu vou fazer análises ?
- Sim, filha, provavelmente vais. É para ver se tens algum bicho no teu corpinho. Anda, vamos pelo elevador.
Na recepção, a minha mãe dirigiu-se à menina que estava a atender:
- Bom dia, quero falar com o médico Afonso, se faz favor.
- Com certeza. Pode entrar já.
A minha mãe foi falar com o médico e eu fiquei, sozinha e muito mal disposta, a aguardar na sala de espera.
- Senhor doutor, a minha filha está estranha, disse a minha mãe.
O médico, muito espantado, olhou para todo o lado e perguntou:
- Desculpe perguntar-lhe isto, mas eu não vejo a sua filha em lado nenhum. Ela é alguma minúscula formiga?
- Não,ela está lá fora. Filha, podes entrar! chamou a minha mãe.
- Sabe o que se passa com a minha filha? Isto é alguma doença?
- Sim, informou o médico com calma. É a doença do germanismo. Esta doença existe mesmo. Diz-me, menina: lavaste as mãos antes de comer?
- Sim, respondi eu, mas a água estava azul.
- E tu lavaste as mãos porquê?
- A Ariel disse-me que a água era boa.
- Quem é a Ariel?
- A Ariel não tem amigos e está sempre a tramar das suas.
- Ah! Acho que já sei quem é essa menina. Ela também tem uma consulta marcada para hoje.
O médico levantou-se e foi até à recepção onde já se encontrava à espera a Ariel.
- Olá, Ariel! Vem comigo, por favor.
Eles voltaram os dois ao consultório e eu disse-lhe com lágrimas nos olhos:
- Foste tu que me mandaste lavar as mãos e agora vou ficar azul para o resto da minha vida!
- Não chores, pediu ela arrependida. Eu vou-te dizer um segredo: às doze badaladas o efeito dessa poção desaparece.
- Obrigada! Queres ser minha amiga?
- Claro que quero!
E acabaram as duas felizes e nunca mais ninguém ficou azul.

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